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HOMENAGEM A EMILIO CARLONI

Por Rosângela Felippe, jornalista



O Museu Histórico e Geográfico Comendador Sebastião de Sá, inaugurado em 2008 em Guaxupé/MG, tem como propósito, homenagear, valorizar e preservar as memórias das pessoas que engrandeceram nossa cidade. O acervo é composto por móveis, objetos antigos que pertenceram aos moradores da cidade, fotografias de pessoas públicas, das festividades e dos casarões antigos do Município e muito mais.


Com o objetivo de valorizar uma biografia marcante que estará sempre presente na memória dos seus familiares, os filhos, netos e bisnetos do industriário e comerciante Emílio Carloni (In memoriam), homenageiam-no com um pequeno Memorial e acervo fotográfico nas instalações do Museu.

Emilio Carloni foi casado com a saudosa Salima Elias Carloni. O casal gerou três filhos: Sueli de Fátima Carloni, Dimas Carloni e Zilda Carloni. Nesta matéria, contamos com a colaboração de Zilda que nos pauta o perfil do pai, cuja história e personalidade marcantes motivaram a criação desse Memorial. Segundo ela nos explica: “Esperamos que essa singela homenagem sirva não apenas como uma prova do nosso reconhecimento pelo maravilhoso legado que ele nos deixou, mas também como um incentivo a que outras iniciativas como esta possam surgir nas famílias guaxupeanas e, assim, integrar a transmissão da cultura local às futuras gerações com as lembranças daqueles que diretamente ou indiretamente trabalharam pela valorização de sua história, costumes e tradições.”

Importante lembrar que, Emilio Carloni foi um homem notadamente honesto e trabalhador empenhando-se, durante toda a sua vida, na construção da cidade. Somente aos 80 anos de idade encerrou as suas atividades profissionais.


Ele nasceu em Guaxupé no dia 25 de fevereiro de 1928, e faleceu também em Guaxupé, na data de 30 de abril de 2017, aos 89 anos.


COMO OS CARLONI CHEGARAM A GUAXUPÉ E QUAIS AS MARCAS POR ELES DEIXADAS?

Durante a Primeira Guerra Mundial, em 1901, o avô paterno de Emilio Carloni, Teóphilo Carloni, desembarcou com familiares no Brasil. Eram procedentes da cidade de Pérgola, Itália. O pai de Emilio, Primo Carloni, casou-se com Maria Pozzani Carloni e instalaram-se na cidade de Jundiaí e, posteriormente, fixaram residência em Guaxupé. Tiveram sete filhos: Sisto, Leonardo, Concheta, Santo, Deomira, João, Emílio. Primo Carloni faleceu no dia 31/12/1957, Maria Pozzani Carloni, em 12/10/1969. Os traços arquitetônicos predominantes na cidade de Guaxupé marcam-se pela cultura trazida pelos imigrantes italianos. No particular, a família Carloni exerceu valioso papel no panorama urbano de Guaxupé, pois era na sua Cerâmica Progresso Ltda, instalada no outrora bairro Vila Carloni, que se produziam as telhas e os tijolos empregados nas belas e arrojadas construções de aspecto romano, com influxos da arte grega, conforme a arte e a técnica trazidas do Velho Continente.


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COMO FOI A INFÂNCIA E A ADOLESCÊNCIA DE EMILIO CARLONI EM GUAXUPÉ?

Desde menino, meu pai já trabalhava como ajudante na Cerâmica Progresso Ltda, pertencente ao seu pai, onde organizava os tijolos não cozidos, contava-os e separava os que apresentassem qualquer imperfeição. Amava os animais e sabia muito bem lidar com eles. Arreava os cavalos e os conduzia numa carroça sempre carregada de lenha, tijolos e café. Aos 12 anos, fez o curso ginasial e, quando jovem, estudava à noite, depois da jornada de trabalho. Desse modo, com muito esforço, conseguiu formar-se “Contador” na Escola Técnica de Comércio São José. Durante a sua trajetória profissional na Cerâmica, o seu pai celebrou um grande contrato com o Município de Guaxupé, cujo objeto era fornecer os tijolos necessários à construção da Catedral Nossa Senhora das Dores. Na ocasião, ele entregou para essa magnífica obra um milhão de milheiros — segundo o seu próprio relato — a princípio, de carroça, depois, de caminhão.


ALÉM DE SUA DEDICAÇÃO À CERÂMICA PROGRESSO LTDA, ELE ALMEJAVA REALIZAR ALGUM SONHO? Queria pilotar aviões, mas esse era um sonho muito caro, demorado, privilégio para poucos sortudos e, por isso, adiou o sonho de ingressar na carreira. Depois dos trinta anos de idade, o sonho foi real e atingível: conseguiu tirar o brevê de piloto. Carros, motos e caminhões eram, também, uma paixão.


FALE UM POUCO SOBRE SUA VIDA COM SALIMA ELIAS, COM QUEM FOI CASADO POR MAIS DE 60 ANOS

Em 28 de junho de 1953, casou-se com minha mãe Salima na Catedral que ajudou a construir. Dessa união nasceram-lhes três filhos: Sueli, Dimas e Zilda. Desde a data em que se casaram até o ano de 1963, fixaram residência no então bairro Vila Carloni, denominada depois Vila Progresso, em razão de lá estar estabelecida a Cerâmica Progresso Ltda, de propriedade dos Carloni. Na atualidade, o bairro Vila Progresso é também conhecido como bairro Cala-boca. Posteriormente, Emílio e Salima Elias Carloni mudaram-se para o centro da cidade, onde residiram até o ano de 1997. Em seguida, foram morar no bairro Parque das Orquídeas. A duradoura união, caracterizada pelo amor recíproco, estendeu-se sim, por mais de 60 anos. O casal sempre foi muito dedicado, compreensivo e tolerante para com o seu núcleo familiar, constituído de três filhos, cinco netos e oito bisnetos, um dos quais recebeu o seu nome.


QUAL A PARTICIPAÇÃO DE EMÍLIO NA CONSTRUÇÃO DA IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS EM GUAXUPÉ?

Enquanto residiu no bairro Carloni, construiu a Igreja São Francisco de Assis. Neste período, também colaborou, individualmente, no fornecimento de todo o material para a construção do Banco Hipotecário, onde atualmente funciona a agência do Banco Itaú. Posteriormente, construiu um grande britador de pedras e forneceu, por mais de dez anos, diferentes pedras britadas para toda a cidade de Guaxupé.


COMO EMPREENDEDOR FOI UM HOMEM DE MUITA VISÃO. DESCREVA ESSA CARACTERÍSTICADE SEU PAI

Dando asas ao seu espírito empreendedor, Emilio Carloni foi proprietário do Curtume Santa Maria, no bairro Vila Carloni, e do Posto de Combustível Líder, na rua do Taboão. Demais disso, adquiriu um porto de areia no rio Pardo, distante 40 km de Guaxupé, cuja atividade extrativa o levou a cumprir inúmeras viagens de caminhão, para abastecer de areia as obras de construção civil em Guaxupé. Depois disso, passou a representar, por 30 anos, uma firma de pedra britada. Em sua trajetória de vida, possuiu loja de louças e porcelanas, indústria de luvas de couro. Teve, também, um sítio com pomares de frutas cítricas e muitos animais.


COMO SURGIU O INTENTO EM SE CRIAR UM MEMORIAL EM SUA HOMENAGEM?

Os seus amigos, parentes, os três filhos, cinco netos e oito bisnetos prestam-lhe essa singela e modesta homenagem, a única forma encontrada para perpetuar o merecido reconhecimento ao cidadão exemplar Emílio Carloni. Foi, efetivamente, um homem honesto que viveu para honrar o seu próprio nome e o da sua família. De personalidade humilde e simples, foi um verdadeiro desbravador, um incansável trabalhador, um grande herói para os filhos, netos e bisnetos. No viver diário, era amoroso, íntegro, brincalhão, piadista e bem-humorado. Dotado de um coração generoso, era transparente, autêntico, sentimental, corajoso, verdadeiro, inteligente, observador, carinhoso, obediente, forte, perseverante, paciente, companheiro, persistente, amigo, cuidadoso, leal, responsável, fiel, respeitador, modesto, cúmplice, atencioso, infatigável trabalhador e, acima de tudo, temente a Deus. Foi um vencedor! Por todo o exposto, nada mais justo que o nome “Emilio Carloni" seja perpetuado no Museu da cidade de Guaxupé. Trata-se, portanto, de uma singela colaboração em reconhecimento ao seu incansável trabalho para manter seu nome e pioneiro sobrenome, bem como sua significativa contribuição no desenvolvimento econômico da região de Guaxupé. Um reconhecimento para que se mantenha viva a história de um homem simples, íntegro, responsável, esposo maravilhoso e pai exemplar, que colocou o trabalho em primeiro lugar em sua vida e sempre esteve à disposição de todos, indistintamente. Onde quer que ele esteja, jamais será esquecido.

O Museu Histórico e Geográfico Comendador Sebastião de Sá está localizado na Rua Cel. Antônio Costa nº 55, no centro de Guaxupé/MG, sob a responsabilidade dos historiadores Inácio W. de Souza Abrantes e Marcos D. Gomes David. Para visitação, deve-se agendar horário pelo telefone (35) 3559-1086, de segunda à sexta-feira, das 9h às 17h.


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