Como tenho frisado em meus artigos aqui na REVISTA MÍDIA, é muito importante os pais estarem atentos a possíveis atrasos no desenvolvimento dos seus filhos e, periodicamente, procurar a ajuda profissional para uma análise mais profunda. É de fundamental importância que quanto antes uma intervenção, independente de se ter ou não um diagnóstico, melhor. Você sabe por quê?
Neuroplasticidade
Esta orientação está intimamente relacionada à capacidade neurológica que a criança tem nos seus primeiros anos de vida de conseguir aprender novas habilidades. O cérebro humano, desde quando se está no útero até a velhice, está em constante transformação, para definir este processo foi utilizado pela neurociência o termo neuroplasticidade, que se refere a capacidade do cérebro de se regenerar e se adaptar diante da maturação do organismo, de novos aprendizados e até mesmo de fazer “ajustes” para compensar prejuízos no seu funcionamento resultante do envelhecimento, alterações neurológicas ou até de lesões cerebrais. As mudanças acontecem de diferentes formas: a partir da formação de novas conexões entre neurônios, fortalecimento de conexões já existentes e até a morte de neurônios não utilizados para o surgimento de novos. Todas essas mudanças são complexas, sutis e levam tempo, porém são nos primeiros anos da criança em que a plasticidade neural acontece com mais intensidade, tendendo a diminuir gradativamente ao longo da vida.
“Poda neural”
Ao longo do desenvolvimento humano existem as chamadas podas neurais, a primeira e mais importante ocorre em média aos 3 anos de idade. Ao nascer, o cérebro desenvolve muitas ramificações e circuitos de neurônios (as famosas sinapses, que levam a informação de um neurônio para o outro), com o objetivo de fazer com que a criança se desenvolva em todas as áreas básicas visto que ainda não conhece o estilo de vida que irá levar e ainda está numa fase de descobrir o mundo a sua volta.
Nesta fase a criança possui o dobro de ramificações que um adulto, como se o cérebro criasse uma “reserva extra” para aprendizagem. Ao longo dos anos, algumas ramificações são mais usadas que outras e as restantes passam por essa poda, sendo naturalmente descartados pelo organismo todos os neurônios que não foram utilizados, dando lugar a outros. Já as sinapses que são úteis para aquele indivíduo e estimuladas com frequência, passam a ser reconhecidas pelo cérebro como sendo importantes, sendo assim a informação passa a ser consolidada neste circuito de neurônios na forma de memória. Ou seja, se a criança está exposta a novas possibilidades de aprendizagem, tende a fortalecer mais circuitos neuronais e consolidar em sua memória um número maior de informações que podem ser muito importantes ao longo de seu desenvolvimento.
Quanto tempo dura a poda neural?
As podas neurais acontecem ao longo de toda vida e sempre é possível consolidar novos conteúdos, porém a primeira infância é a fase mais importante e determinante do desenvolvimento humano para que isto ocorra, visto toda a organização cerebral existente nos primeiros anos de vida. Desta forma, quando a criança desde muito pequena apresenta algum atraso em qualquer área de seu desenvolvimento orienta-se que inicie o quanto antes a intervenção precoce, sendo esta um conjunto de atividades que fortalece e desenvolve os potenciais de um bebê ou uma criança, no âmbito sócio afetivo, cognitivo, linguístico e motor, a fim de fortalecer e promover a aquisição de novas habilidades nos primeiros anos de vida, que serão determinantes ao longo de todo desenvolvimento.
ARIANI BARBOZA é Graduada em Pedagogia pelo UNIFEG-Guaxupé, pós-graduada em Neuropsicopedagogia Clínica e Institucional pela Faculdade Metropolitana do Estado de São Paulo - FAMEESP-FGV-RP. Possui Extensão em Neuropsicologia, Consciência Fonológica, Neurociência e Alfabetização. É especialista em aplicação do teste DENVER. É membro titular da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia - SBNPp.
Clínica Neuroviver
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