CALÇADOS MARIANO CHEGA AOS 50 ANOS

DIRIGIDA POR AMÉLIA MARIANO, UMA DAS EMPRESAS PIONEIRAS DESTE SEGMENTO EM GUAXUPÉ COMPLETA 5 DÉCADAS DE ATUAÇÃO COM SOLIDEZ, DIVERSIDADE DE PRODUÇÃO, QUALIDADE E ALICERÇADA NOS VALORES E VISÃO DE SEU FUNDADOR, SEBASTIÃO MARIANO

No interior do novo e tecnológico complexo fabril da Indústria de Calçados Mariano, localizada no Polo Industrial de Guaxupé, o som metálico das máquinas costura a história criada há 5 décadas. As habilidosas mãos dos colaboradores repetem movimentos com a segurança de quem faz o que sabe. Um deles, com mais de trinta anos de casa, ajeita o couro como quem folheia um livro já lido mil vezes. Nada ali parece casual. Cada gesto, cada par de sapatos que deixa a linha de produção - com aprovação do controle de qualidade - carrega um mesmo valor: fazer bem feito.

Sebastião Mariano: há 50 anos deu início ao sonho de sua indústria de calçados

É com essa filosofia que a indústria Calçados Mariano chega aos 50 anos de história. Fundada em 1975 pelo saudoso Sebastião Mariano, a empresa começou de forma modesta, nos fundos da casa da mãe do fundador, na Vila Coragem. O primeiro produto era uma botina simples, com solado de borracha de pneu, costurada à mão e extremamente rústica voltada para o trabalhador rural. Não havia marketing, apenas um compromisso: entregar resistência e durabilidade para quem dependia daquele calçado no dia a dia pesado do campo.

Sebastião sempre dizia que um produto ruim acaba com qualquer negócio. "Desde o começo ele se preocupava com a qualidade, mesmo fazendo botinas simples”, relembra Amélia Mariano, esposa do fundador e que, ao lado dos filhos,dirige a empresa. A família  cresceu respirando o ar da fábrica, colaborando na produção. Colava sapatos, costurava, operava máquina quando faltava funcionário. Isso ensinou a todos que, para liderar, é preciso saber fazer, entender cada detalhe e respeitar quem está na linha de produção.

Mas o ano de 2018 foi um divisor de águas para a família. Sebastião Mariano faleceu aos 64 anos, apenas 45 dias após descobrir uma doença grave. Naquele momento, a empresa passava por uma mudança decisiva: deixava para trás os galpões e se instalava em sua atual sede,  no Polo Industrial de Guaxupé. Um sonho antigo do fundador que estava se tornando realidade em uma área de mais de 2 mil m2 que abriga um polo fabril dos mais modernos e tecnológicos da região especialmente projetado para a produção de calçados. 

“Foi um período muito difícil. Usamos recursos próprios, buscamos crédito, porque não podíamos parar a construção. Tínhamos um compromisso com nossos funcionários e com a história dele”, conta Amélia. Ela já dividia as decisões administrativas com Sebastião, mas o falecimento precoce dele antecipou o peso da responsabilidade. “Assumir tudo, tão de repente, foi muito difícil. Mas tínhamos gente boa do nosso lado e mantivemos os princípios que sempre nos guiaram", enfatizou. 

Após reorganizar toda a gestão operacional e financeira da indústria, Amélia e os filhos fizeram a Calçados Mariano avançar  por todo o Brasil.

DE GUAXUPÉ PARA O PAÍS: a empresa que diversificou sem perder a VISÃO DE SEU FUNDADOR

Durante anos, a empresa produziu basicamente calçados para trabalhadores do campo. Mas Amélia entendeu que era preciso ousar para continuar crescendo. “Se continuássemos só com um tipo de calçado, seríamos engolidos pelo mercado". Assim, a empresa diversificou. Vieram os calçados de segurança (EPIs), os coturnos militares, os sapatos de uniformização e modelos para vigilantes, motociclistas e empresas de transporte de valores. A estratégia rendeu reconhecimento nacional.

Atualmente, a Calçados Mariano é fornecedora do Exército Brasileiro, Marinha do Brasil, Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, escolas militares como a Tiradentes, do Mato Grosso, e grandes empresas de segurança, algumas com mais de cem mil funcionários. “No caso do Exército, seguimos os editais à risca. Alguns modelos são criados aqui, mas sempre respeitando as exigências dos clientes", considerou Amélia.

Qualidade que se sente no primeiro passo

A marca que começou artesanal se sofisticou, mas sem abrir mão do que a fez nascer: a qualidade. A matéria-prima vem de fornecedores rigorosamente selecionados.  Cada lote de couro e solado passa por testes rigorosos e somente após a aprovação pelo departamento de qualidade, segue para a produção. Os equipamentos do parque fabril são modernos, com cortadores automatizados, costuras programadas e injetoras de última geração. Mas, para Amélia, o maior diferencial não está nas máquinas.

“Temos orgulho de ter funcionários com 30 e até 40 anos de casa. Alguns aposentados continuam trabalhando porque gostam do que fazem. Isso mostra que os valores do meu esposo  continuam vivos". A segurança do time é tratada com o mesmo cuidado. Palestras e treinamentos são rotina e mantêm o time de colaboradores sempre atualizado, seja em relação às novidades do mercado, seja em segurança. Uma empresa terceirizada monitora o uso de EPIs.

Um dos pilares da economia local

Atualmente, a Mariano Calçados emprega mais de 70 pessoas, garante dezenas de empregos indiretos e produz, em média, 240 mil pares de calçados por ano. É uma das indústrias mais sólidas de Guaxupé, gerando renda e divisas que impulsionam a economia local. 

Mas Amélia não se acomoda. “Temos capacidade de produzir mais. Queremos aumentar a qualidade, fidelizar ainda mais clientes e conquistar novos mercados, investindo também em vendas online e atendimento direto ao consumidor final”.

Um legado que caminha com solidez

De um pequeno cômodo nos fundos de casa ao reconhecimento nacional, a família Mariano carrega algo que não se mede em números. Cada funcionário que não foi embora, cada cliente que permanece fiel, cada par de calçados entregue conta uma mesma história: a de um homem que acreditava que trabalho sério deixa marcas que o tempo não apaga.

Cinquenta anos depois, Sebastião Mariano, carinhosamente chamado de Tião Mariano, continua presente:  no barulho das máquinas, no couro que ganha forma, no sorriso de quem se orgulha de trabalhar onde trabalha. Amélia e equipe não produzem apenas calçados. Fabricam confiança. E pisa, com passos seguros, rumo aos próximos cinquenta anos.