Testes para diagnóstico de Covid-19 não atestam proteção vacinal, alerta biólogo
- Da Redação
- 11 de ago. de 2021
- 4 min de leitura

Após receberem a vacinação contra o Novo Coronavírus, muitas pessoas estão procurando laboratórios de análises clínicas para realizarem exames que – possivelmente - atestariam a imunidade contra a doença através da análise de anticorpos.
Porém, tais exames não conseguem atestar tal resultado e este tópico ainda se encontra em estudos. Quem explica toda essa questão são o biólogo Tiago Donizetti, e o bioquímico César Camilo, que dirigem o laboratório de análises clínicas BIOMED, um dos mais respeitados em toda a região.
Segundo Tiago Donizetti, trata-se de um tema extenso e bastante controverso. Existem 2 exames que medem analiticamente os anticorpos em um paciente, sendo o Teste Neutralização para Anticorpos Totais para Covid -19 e o Teste de imunoglobulinas, popularmente chamado de anticorpos. “Realizamos em nosso laboratório ambos os exames que são de extrema importância neste momento, mas ressaltamos nas observações que o resultado jamais poderá ser usado para avaliar uma resposta vacinal”, adverte.
O Teste de neutralização SARS-COV2/COVID19, Anticorpos Totais é indicado para detecção específica de anticorpos de inibição viral gerados pelo organismo após infecção ou vacinação, ou seja, os anticorpos que potencialmente impediriam a ligação do vírus às células e, consequentemente, sua replicação dentro do corpo. Recomenda-se que a coleta seja realizada após 21 dias do quadro clínico inicial. Porém, esse teste não é indicado para diagnosticar infecção ativa, pois apenas detecta anticorpos que o sistema imunológico desenvolve em resposta ao vírus e não à presença do próprio vírus - como faz o teste RT-PCR, que diagnostica a presença do vírus no organismo.

Os exames de anticorpos envolvem a análise de uma amostra (geralmente sangue, soro ou plasma) para diagnosticar a presença de um anticorpo (exame qualitativo) ou para medir a quantidade de um anticorpo (exame quantitativo). Anticorpos são produzidos pelo sistema imunológico, ou seja, são proteínas (imunoglobulinas) que protegem as pessoas contra invasores microscópicos como vírus, bactérias, substâncias químicas e toxinas.
Existem cinco classes diferentes de imunoglobulinas (IgM, IgG, IgE, IgA e IgD). As três investigadas com maior frequência em exames são IgM, IgG e IgE. Os anticorpos IgM e IgG têm ação conjunta na proteção imediata e, a longo prazo, contra infecções. Os anticorpos IgE estão associados a alergias.
Sorologia é o termo usado para definir os exames que identificam as presenças de determinados anticorpos no sangue.
Os mais comuns são os exames sorológicos denominados IgG (imunoglobulina G) e IgM (imunoglobulina M). “Ou seja, IgM positivo significa que a pessoa possui anticorpos do tipo imunoglobulina M, e daí se deduz que ela já foi exposta e está na fase ativa da doença havendo a possibilidade do microrganismo estar circulando no paciente naquele momento.
Um resultado positivo para IgG pode indicar que a pessoa está na fase crônica, convalescente ou já teve contato com a doença em algum momento da vida. Portanto, para algumas doenças, esses anticorpos funcionam como uma proteção em caso de novo contato com o microrganismo”, explica o bioquímico César Camillo.
É importante ressaltar que o tempo de aparecimento desses anticorpos é variável de pessoa a pessoa e pode ser influenciado pela gravidade do quadro clínico. Além disso, resultados falsamente positivos ou negativos podem ocorrer em diversos contextos, sobretudo quando as amostras são coletadas antes de 14 dias após o início da doença. Desse modo, a correta solicitação e interpretação dos resultados é fundamental.
“Quando emitimos um laudo laboratorial com o resultado do exame, um dos itens é exatamente que o resultado demonstrado não pode ser usado para avalizar resposta vacinal. Quem utilizar para essa finalidade, estará totalmente equivocado. Está expresso no próprio teste que a finalidade não é medir resposta vacinal. Não existe um teste que avalia, de forma cabal, uma resposta vacinal”, reitera.
Tiago explica que os testes de IGG e o de Neutralização medem a resposta imunológica que pode ter sido ocasionada pela vacina. Porém, a ausência de anticorpos ou resultados em quantidades menores que 20% não significam que a vacina não teve efeito e tampouco que a pessoa não tenha a imunidade. “E isso está muito claro no exame”, ressalta.
As declarações dos diretores do laboratório Biomed vêm de encontro com as diretrizes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, que alerta que os testes para diagnóstico de Covid-19 disponíveis no mercado não devem ser utilizados para atestar o nível de proteção contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2) após a vacinação contra a doença. Isso porque estes testes não têm essa finalidade.
Por isso, é importante ressaltar para a população que os produtos atualmente registrados no Brasil possibilitam apenas a identificação de pessoas que tenham se infectado pelo Sars-CoV-2. Os testes disponíveis não foram avaliados para verificar o nível de proteção contra o novo coronavírus. Mesmo quando usados para a finalidade correta, os resultados fornecidos pelos testes só devem ser interpretados por profissionais de saúde.
A ANVISA é enfática ao afirmar que não existe, até o momento, a definição da quantidade mínima de anticorpos neutralizantes – que evitam a entrada e a replicação do vírus nas células – para conferir proteção imunológica contra a infecção, reinfecção, formas graves da doença e novas variantes de Sars-CoV-2 em circulação. Por isso, os testes para diagnóstico não podem ser utilizados para determinar proteção vacinal.
A Agência reforça, ainda, que não há embasamento científico que correlacione a presença de anticorpos contra o Sars-Cov-2 no organismo e a proteção à reinfecção. Sendo assim, nenhum resultado de teste de anticorpo (neutralizante, IgM, IgG, entre outros) deve ser interpretado como garantia de imunidade e, tampouco, indicar algum nível de proteção ao novo coronavírus.
“Os testes não são capazes de indicar proteção ou falta de proteção vacinal. Um resultado negativo para anticorpos neutralizantes não confirma uma ausência de proteção vacinal, visto que o sistema imune tem vários outros mecanismos de proteção que não são avaliados por este teste. Um resultado positivo não garante proteção vacinal, visto que ainda não é conhecido o nível de anticorpos necessário para isso. De todo modo, independentemente do resultado de um ensaio sorológico de um exame, a população deve continuar seguindo todas as orientações e os cuidados quanto ao distanciamento social, uso de máscaras e higienização das mãos, mesmo após a vacinação contra Covid-19”, finaliza o biólogo Tiago Donizetti.
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