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Semana Internacional do Café mostra como a indústria pode ser mais inclusiva na prática

Com especialistas negros, trans e indígenas, painel sobre diversidade expôs experiências, visões de mercado e o caminho a ser percorrido por produtores, comerciantes e baristas

Na intensa programação de conteúdo da Semana Internacional do Café (SIC), um assunto urgente abriu os trabalhos do espaço “cafeteria modelo”: a diversidade. Um painel formado por especialistas negros, trans e indígenas ajudou a ilustrar, por meio de suas experiências pessoais, como a estrada da inclusão ainda é longa e como é possível sair do conceito para ações práticas no dia a dia de trabalho.

O primeiro a compartilhar conhecimento foi Raphael Brandão, fundador da torrefação Café Di Preto, que tem como proposta trazer protagonismo para o povo preto na indústria. “A inspiração para o negócio veio de uma pesquisa na internet sobre café, onde os resultados, em maioria, estavam relacionados à escravidão. Nós sempre movimentamos a indústria, seja no campo ou no comércio, então queremos inverter o estabelecido de que pessoas brancas são protagonistas e pessoas pretas são mão de obra”, disse.

Na sequência, Petra Moreira Cruz, barista, gerente da cafeteria “Objeto Encontrado”, de Brasília, lembrou a necessidade do compromisso diário de quem está à frente de negócios do setor em ampliar conhecimento para acolher de forma genuína. “Não adianta contratar pessoas trans para cumprir uma política sem abraçar as questões complexas desse público, ouvir, entender. Às vezes um cliente é desrespeitoso e a posição da casa é não criar uma situação para manter o cliente, mas a reflexão deveria ser atender alguém assim vale a pena”, defendeu.

Representando a cultura indígena, Celeste Paytxayeb Suruí e Diná Suruí, baristas e produtoras de robusta amazônico, lembraram que o preconceito ainda é forte, mas que a profissionalização é importante na jornada por conquista de espaço. “Temos certeza de que é possível trabalhar e se sustentar sem acabar com a floresta. Somos capazes de mudar o mundo sem desvalorizar o próximo”, ressaltou Celeste. “É a segunda vez que participo da SIC. Isso significa que os cafés indígenas estão prosperando”, completou Diná.

O encontro foi mediado por Dandara Renault, historiadora, produtora cultural e diretora de inclusão e diversidades da IWCA Brasil”, que finalizou: “Essa discussão é extremamente importante. Estamos tratando sobre negócios e não queremos ser cota para sempre. A cota é uma reparação de dívida histórica e não pode ser eterna. Estamos dispostos a aprender, ensinar e trabalhar”.

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