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Da Redação

Por onde você anda, Helena Leite Ribeiro? Em Paris!


Eu sou a Helena! Nasci em Guaxupé dia 22 de novembro de 1981 e passei a maior parte da minha infância brincando na rua com amigos e nas fazendas com os primos. As férias eu passava na casa dos meus avós, na Pratinha. Lembranças boas de uma época que éramos livres para brincar na rua sem medo. O pomar da casa da vó estava sempre cheio de frutas e o quintal parecia não ter fim. Anos depois, já adulta, me dei conta de que o quintal não era tão grande quanto eu achava ser, mas na minha cabeça de menina, o quintal da vó era um lugar infinito.


Lembro do pé de jabuticaba, do gosto da pêra, do cheiro das laranjas! Eu era um passarinho livre naquele quintal e pousava de pé em pé experimentando o gosto de cada fruta, de cada sabor. Eu era livre. Eu nadava no rio, subia (e caia) das árvores, inventava brincadeiras e ficava na praça ouvindo causos de quem passava por lá. Naquela época eu não sabia como essa infância tão livre e cheia de histórias iria guiar a minha vida, iria ser a minha melhor memória, um lugar seguro para onde eu poderia voltar sempre que sentisse saudade das minhas origens.


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O início no teatro

Da infância para a adolescência foi um pulo. Sempre gostei de ouvir histórias e de tanto escutar, resolvi que eu também queria contar. Foi aí que eu me apaixonei pelo teatro. No palco eu poderia contar quantas histórias eu quisesse, histórias verdadeiras e histórias inventadas. No palco eu era livre, uma liberdade parecida com a liberdade que eu sentia no quintal da casa da vó.


Comecei a fazer teatro em São José do Rio Pardo, pois era a minha grande paixão. Me mudei para o Rio de Janeiro para continuar estudando e depois para Londrina, para cursar Artes Cênicas na Universidade Estadual de Londrina.

O curso de Artes Cênicas foi incrível, os professores da Universidade e os amigos que fiz nesse período foram muito importantes para a minha formação acadêmica e para a minha formação pessoal.


Em 2009, no último ano da graduação, conheci e me encantei pelas obras da escultora francesa Camille Claudel (1864 – 1943). Nunca tinha ouvido falar nessa artista e foi uma grande surpresa quando vi pela primeira vez, nas páginas de um livro, uma foto de uma obra dela. A obra se chama Vertumne et Pomone. Claudel é uma artista fantástica, uma escultora de muito talento, mas que infelizmente foi silenciada e trancada em um asilo de alienados durante 30 anos. Claudel sempre foi reconhecida pela « loucura » e por ter sido amante do escultor francês Augusto Rodin (1840 – 1917) mas eu sabia que ela era muito maior do que isso, eu sabia que para conhecer verdadeiramente e me aprofundar na obra de Camille, era preciso ir até o seu país de origem, procurar com atenção dos traços deixados por ela.

Se eu queria seguir os passos deixados pela Camille, era preciso me mudar para Paris, já que Camille havia passado boa parte da sua vida na capital francesa.


O sonho e as mexericas

Decidi então que queria me mudar para Paris para fazer um mestrado sobre a vida e obra dessa escultora genial. Terminada a graduação em Londrina, comecei a pensar na possibilidade de fazer o mestrado. Mas estudar em Paris parecia um sonho distante : era preciso estudar francês para fazer a prova de proficiência, escrever um projeto, tentar uma bolsa, arrumar moradia.... enfim, um processo longo e complicado, mas eu decidi enfrentar!


Fui aceita no mestrado e em outubro de 2011 me mudei para Paris! Mas eu não tive bolsas de estudos. Antes de me mudar para Paris, eu precisava trabalhar e juntar dinheiro para viajar. Trabalhar onde? Colhendo mexericas! Meus pais tinham um pomar de mexericas e eu sabia que era de lá que sairia o dinheiro que me levaria até Paris! As mexericas já haviam levado meus irmãos para a Suíça e dessa vez elas me levariam até a cidade luz. Colhi e vendi muita mexerica, às vezes até tarde. Quando o sol começava a ir embora, eu ligava o farol da caminhonete e continuava colhendo. No meio do pomar escuro, o farol iluminava as mexericas e os meus sonhos!


Paris, aqui estou!

Deu tudo certo ! O sonho havia se tornado realidade, me mudei para Paris e estava finalmente vivendo na cidade que sempre desejei morar.

Realizei o meu mestrado em Estudos Teatrais na Universidade Paris 8. Na minha pesquisa eu propus um diálogo entre o teatro e a escultura, uma relação entre o meu trabalho como atriz e o trabalho da Camille como escultora.

A grande mudança na minha vida aconteceu no dia da minha banca de mestrado. Estava no palco, apresentando o meu trabalho para a banca. Figurino, cenário, iluminação.... em cima do palco, em um momento de silencio, decidi que não queria mais seguir a minha vida de atriz. O teatro me trouxe até Paris e em Paris eu decidi encerrar minha vida nos palcos. Terminei a apresentação, conclui o mestrado, peguei o diploma e deixei o teatro definitivamente para trás.


Um novo caminho

Estudar a obra de Camille e de outros artistas durante a minha pesquisa fez com que eu me interessasse cada vez mais pela História da Arte. Resolvi recomeçar uma nova fase e uma nova carreira. Fui aceita na Paris- Sorbonne (Paris 4) e iniciei o curso. Estudar História da Arte em Paris era muito mais do que eu poderia ter sonhado um dia !

Durante a graduação em História da Arte, resolvi trabalhar levando os brasileiros para passear por Paris! Eu e uma amiga da faculdade fazíamos roteiros e passeios a pé pelos bairros da cidade. Me tornar guia profissionalmente não era um objetivo, era apenas um trabalho de estudante. Mas, aos poucos, fui me apaixonando por esse novo trabalho. Cada vez que eu via o olho de um cliente brilhar diante de tantas maravilhas e tantos monumentos lindos, eu me apaixonava ainda mais por Paris ! Eu me apaixono e (re)apaixono constantemente por essa cidade através dos olhos de quem vê Paris pela primeira vez ! Cada detalhe, cada cantinho, cada ruazinha, tudo me encanta.


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O trabalho de estudante/guia começou a dar certo. Criei novos roteiros, inclui novos monumentos e cada vez recebia um número maior de pedidos. Nesse momento, fazia apenas roteiros pelos bairros da cidade: Quartier Latin, Montmatre, Le Marais, etc... mas o que eu queria mesmo era trabalhar nos museus.

Terminei a graduação de História da Arte e resolvi estudar mais para ser uma guia profissional. Esse não era o objetivo inicial, mas confesso que ganhar a vida passeando por Paris não é um mal negócio!


Viva Paris!

Aqui na França existe uma lei que assegura o trabalho de guias oficiais. Qualquer pessoa pode ser guia nas ruas, mas para guiar dentro de museus e castelos é preciso ter uma carteira de guia oficial do Ministério da Cultura. Para obter essa licença, foi preciso fazer outro curso, uma faculdade de Guia Conferencista (guide-conférencier). Fiz prova e entrevista e fui aceita na faculdade. Ao terminar o curso, poderia enfim guiar dentro dos museus : Museu do Louvre, Museu d’Orsay, Museu Rodin, Palácio de Versalhes, etc.


Pandemia e turismo

Em março de 2020 com o início da pandemia, meu trabalho parou. Fronteiras fechadas, museus, hotéis, restaurantes, bares, tudo fechou. O confinamento começou e podíamos sair de casa durante 1 hora por dia. Para sair de casa era preciso fazer um atestado e anotar a hora de saída e hora de chegada. Se você fosse pego na rua sem essa justificativa, pagava uma multa de 135 euros. Foi um período horrível.... as pessoas morrendo nos hospitais, os números aumentando a cada dia, um silêncio total... o único barulho que se escutava era o barulho das sirenes carregando pacientes. Um período que deixará marcas profundas em todos, principalmente naqueles que foram atingidos em cheio pela pandemia (para os que perderam pessoas queridas, para os que ficaram desempregados, etc.)

Eu não podia mais trabalhar sem turistas e sem museus, era preciso me reinventar. Comecei então a propor visitas guiadas online ! Comecei anunciando as aulas no meu Instagram, mas logo comecei a receber convites para fazer aulas de história da arte “Fechadas” para escolas. Preparei alguns temas para “vender” para alguns colégios e entrei em contato com algumas escolas de Guaxupé e para a escola da Pratinha para oferecer essas mesmas aulas de forma gratuita. A Interativa em Guaxupé e a Escola Estadual Geraldo Ribeiro Dias, da Pratinha, se interessaram. Fiquei muito feliz em poder compartilhar um pouco do meu trabalho com os estudantes.


Volta à normalidade!

Com a vacinação, a vida foi aos poucos voltando ao normal. As fronteiras reabriram, museus reabriram e eu posso enfim voltar ao trabalho !

Faço visitas guiadas pelos principais museus de Paris. Se você quiser acompanhar meu trabalho, ver fotos lindas de Paris e marcar um passeio comigo, é só me acompanhar e me mandar uma mensagem no Instagram @viva.paris

Vai ser um prazer enorme levar você para passear e conhecer cada cantinho dessa cidade ! Quem sabe depois do passeio tomar um cafezinho e colocar a prosa em dia !


Eu espero você em Paris!


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