Marcos Frota, 70 anos: entre o picadeiro, a TV e as raízes em Guaxupé
- Da Redação
- há 2 dias
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Aos 70 anos, completados em 29 de setembro de 2026, Marcos Magano Frota celebra uma vida marcada pela arte, pela ousadia e por um compromisso permanente com a cultura brasileira.
Ator consagrado, empresário do espetáculo e hoje reconhecido como embaixador do circo nacional, Frota construiu uma trajetória que vai muito além dos papéis memoráveis na televisão: ela encontra origem em Guaxupé, sua cidade natal, e se projeta para o mundo.
Infância em Guaxupé: cafezais, picadeiro e memória afetiva
Nascido em Guaxupé, Frota cresceu cercado pelas tradições da cafeicultura, atividade à qual sua família dedicou décadas. O avô, Vicente Frota, foi prefeito da cidade e produtor de café, deixando marcas profundas na vida social e econômica local. O pai, assim como outros membros da família, mantinha armazéns e salas de degustação próximas à antiga linha da Mogiana.
As lembranças de infância estão impregnadas pelo aroma dos grãos recém-torrados e pelas paisagens dos cafezais. Mas foi também em Guaxupé que o menino Marcos conheceu a mágica do circo: as trupes que armavam suas lonas na Rua Mancini despertaram nele o fascínio pelo trapézio e pela vida itinerante. Décadas mais tarde, já consagrado, ele recordaria esses momentos como o início de uma paixão que se tornaria missão de vida.
“Quando volto a Guaxupé, retorno à minha infância, ao café da minha família e ao encanto do circo que visitava a cidade. Essa é a raiz de tudo que me tornei”, costuma afirmar.
Carreira na televisão: personagens que marcaram época
Se o circo o inspirou desde cedo, foi a televisão que apresentou Marcos Frota ao grande público. A partir dos anos 1980, ele integrou o elenco de novelas marcantes:
Vereda Tropical (1984), como o jovem Téo;
Cambalacho (1986), interpretando Henrique, trapezista — personagem que anteciparia sua ligação com o universo circense;
Mulheres de Areia (1993), no papel inesquecível de Tonho da Lua, que lhe rendeu enorme popularidade;
A Próxima Vítima (1995), vivendo Diego Bueno;
O Clone (2001), como Danilo Escobar;
América (2005), onde deu vida a Jatobá, personagem cego que comoveu o país.
Sua versatilidade também se destacou no cinema, com participações em produções como Xuxa Popstar (2000) e O Grande Circo Místico (2018), além de peças teatrais premiadas nos anos 1980.
Esses papéis consolidaram sua imagem de ator completo, capaz de transitar do drama à comicidade, sempre com entrega e sensibilidade.
O circo como destino: missão e embaixada cultural
Mais do que um personagem, o circo tornou-se realidade para Frota a partir de 1995, quando fundou o Grande Circo Popular do Brasil, conhecido também como Marcos Frota Circo Show. A iniciativa levou espetáculos grandiosos a diferentes cidades e transformou o ator em trapezista de verdade.
O projeto evoluiu com a criação da Universidade Livre do Circo (Unicirco), voltada à formação de artistas e à inclusão social por meio da arte. Essa atuação ampliou o papel de Frota no cenário cultural, levando-o a ser reconhecido como embaixador do circo brasileiro.
Mais recentemente, estabeleceu parceria com o Circo dos Sonhos, participando de montagens como Alakazan – A Fábrica Mágica e reafirmando sua visão de que o circo deve se reinventar sem perder a essência. “O circo é resistência cultural, é poesia em movimento e faz parte da identidade do povo brasileiro”, costuma defender.
Desafios pessoais e resiliência
A vida de Frota também foi marcada por desafios pessoais. Em 1993, perdeu a primeira esposa, Cibele Ferreira, em um acidente, com quem teve três filhos. Anos depois, casou-se com a atriz Carolina Dieckmann, com quem teve Davi, nascido em 1999. A separação veio em 2003.
Entre perdas e superações, ele manteve o compromisso com a arte e com os projetos sociais, transformando a dor em combustível para seguir adiante.
Legado: do café mineiro ao picadeiro do Brasil
Hoje, aos 70 anos, Marcos Frota carrega um legado que conecta Guaxupé ao mundo. Da infância entre cafezais e lonas circenses improvisadas na cidade mineira, ele construiu uma carreira que atravessou televisão, teatro, cinema e espetáculos sob lona, sempre com a marca da dedicação.
Seus personagens permanecem na memória coletiva, mas é sobretudo como embaixador do circo brasileiro que ele quer ser lembrado. Em suas palavras, “o circo é um espetáculo democrático, que abraça a todos, como o café que aquece e reúne famílias”.
Ao celebrar sete décadas de vida, Marcos Frota reafirma seu compromisso: seguir defendendo o circo como patrimônio cultural, sem jamais esquecer de onde veio — Guaxupé, o berço que lhe ensinou a magia, a persistência e o encanto que até hoje conduzem sua vida.