Após o início dos primeiros contágio até a declaração de pandemia pelo Coronavírus, o mundo passa por transformações e jamais voltará a ser como antes. Tudo se modificou. Desde hábitos pessoais até a forma de se relacionar e consumir.
Todo o planeta assiste, estarrecido, milhares de mortes a cada dia. Para se evitar uma tragédia sem precedentes, a Organização Mundial de Saúde recomenda o isolamento social como única medida eficaz contra o contágio em massa da população.
Neste cenário, a economia entrou em desaceleração contínua com efeitos futuros ainda não previstos. Muitas empresas, consideradas não-essenciais pelos Governos, fecharam as portas, deixando de vender, gerar rendas e divisas.
Porém, a criatividade e as possibilidades do mundo digital foram as ferramentas utilizadas por jovens empreendedores de Guaxupé para, literalmente, sobreviverem neste cenário obscuro. A preocupação pela incerteza dos negócios deu lugar a criatividade.
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Um desses casos é do empreendedor Leandro Augusto de Andrade, que é publicitário por formação e idealizador de uma lojas mais autênticas de Guaxupé, a Me Gusta Store. Ele decidiu entrar para o comércio há 10 anos e, naquela época, o termo "e-commerce" era praticamente desconhecido por maior parte do público, mas não para ele. "Nossa loja tem identidade própria. São camisetas e canecas personalizadas e decoração. É um segmento altamente criativo e que a gente gosta muito. Formatamos esse ideia e colocamos em prática e nossa loja já nasceu online. Começamos as primeiras vendas pelas redes sociais Orkut e Facebook. Depois fizemos um showroom e, somente após 4 anos, optamos pela loja física, onde o cliente pode visitar, ver e tocar os produtos", conta o jovem empreendedor.
Ao lado da esposa e sócia Daiana, Leandro não conquistou clientes, mas uma legião de fãs. Há mais de 15 marcas licenciadas além de produtos comercializados e idealizados por ele. "Temos fãs que são amigos. Criamos laços e quando eles vêm até a loja, cuidamos de resolver seus desejos, seja ele uma roupa ou um presente", comenta.
Com a chegada da pandemia ao Brasil, há 3 meses, Leandro começou a se preparar para uma situação economicamente delicada. "Ficamos atentos e quando o vírus chegou à região ficamos preocupados com nossa saúde, a dos nossos colaboradores e a dos nossos clientes. Nossa primeira atitude foi fechar as portas - uma semana antes da publicação do decreto municipal. Ficamos pelo menos 2 semanas completamente inativos com as portas fechadas".
Leandro explica que depois desse período, era chegado o momento de retornar às vendas online e com entregas em domicílio. "As pessoas começaram a entender essa nova situação e a orientação de ficar em casa. Os clientes começaram a ligar na loja para comprar presentes para aniversariantes e, neste momento de isolamento social, um presente é um abraço".
Desta forma, o cliente ligava na loja - inclusive por vídeo conferência - e escolhia o presente. A loja fazia a higienização correta do produto, embalava com capricho e levava à casa o presenteado. Tudo feito com muita segurança e seguindo as rígidas normas sanitárias orientadas pela OMS.
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O um ponto extremamente facilitador foi o know-how em vendas digitais desenvolvido pelo empreendedor. "Temos uma loja pequena, uma vitrine pequena, mas um mundo gigante na internet. O sistema delivery é interessante, muito válido e acredito que vai permanecer por um bom tempo, isso porque a gente pensa que as pessoas realmente têm que ficar em casa. Após a loja voltar a atender com portas abertas, continuamos com o mesmo rígido padrão sanitário e a entrada controlada para aqueles que querem escolher o produto pessoalmente. O uso de máscara de segurança é obrigatório e da forma correta. Há um dispenser de álcool 70 graus logo na entrada da loja e, assim, o cliente pode tocar nos produtos sem riscos", explica.
Segundo Leandro, o e-commerce não é o futuro, é o presente. "As empresas que não viam essa alternativa foram forçadas a aprender e migrar para o digital". Para ele, é um complemento, mas acredita na presença do cliente na loja, do contato físico - nesse momento proibido - e na venda olho no olho, jamais será superada.
Tudo o que é experimentado na loja física pelos clientes da Me Gusta mas não se converte em venda, passa por uma rígida higienização e só volta para a área de venda no dia seguinte. "Temos o máximo cuidado tanto na higienização dos produtos como de toda a loja para proteção e bem estar de todos", finaliza.
DE VOLTA AO LAR
Ana Paula Constante é outra empreendedora que não para de mudar, criar e recriar. Começou a atuar no comércio, ao lado da mãe Helena, há 8 anos, e desde então, a Bela Madame jamais parou de inovar. Em princípio, eram semijoias finas e de altíssima qualidade e, há pelo menos 2 anos, incluiu o segmento de trajes para festas.
Ela conta que também fechou sua loja, que estava localizada no Minas Shopping, uma semana antes da determinação municipal. "Tomamos essa decisão para nos preservar e também os nossos clientes. Ficamos muito preocupadas e o mais sensato era fechar naquele momento. Pensamos que em 2 meses tudo se normalizaria mas não foi isso o que aconteceu. Quando o comércio foi reaberto, a gente decidiu trazer a loja para nossa casa", explica.
A Bela Madame foi literalmente reinventada e a casa de Ana Paula se tornou uma loja completa, com 2 ambientes, provadores espaçosos e muito conforto. Os atendimentos são feitos mediante agendamento.
"Comecei a ler a respeito e percebi que muitos estavam trabalhando em home-office, vendas online e entrega em domicílio. Tenho mais de 20 mil clientes que nos seguem nas nossas redes sociais e sempre vendi assim. Investi nesse segmento que se mostrou muito mais seguro nesse momento", analisa Ana Paula.
Com a ajuda de arquitetos, a casa foi transformada em showroom e as vendas aumentaram. "Com o custo fixo reduzido por estarmos em casa, conseguimos repassar esse descontos aos nosso produtos, fortalecendo ainda mais as vendas".
Ela explica que todas as vendas feitas online e entregues por delivery são feitas através de whatsapp ou videochamada. A cliente escolhe e recebe a compra em casa, em embalagem totalmente higienizada. "Somente eu e minha mãe manipulamos as roupas e sempre com máscaras, álcool gel e luvas para não haver risco algum".
E foi o primeiro Dia das Mães que Ana Paula atendeu no novo showroom e teve um bom resultado. Em comparação ao mesmo período do ano passado, obteve o mesmo resultado, porém, com custo operacional menor. "A demanda na loja continua crescendo mas com um cuidado especial no atendimento que acontece com hora marcada, uma cliente por vez e com um intervalo mínimo de 15 minutos entre uma cliente e outra, para que tenhamos tempo de fazer a devida higienização de produtos e também do ambiente".
Ela encerra dizendo que não há arrependimento da decisão tomada. "Me arrependo de não ter tido essa ideia antes. Me reinventei e a gente se encontrou nessa nova forma de atender nossas clientes com mais cuidado e proteção", finalizou.
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