Estudo mostra que 50,2% dos pacientes acometidos pela doença tiveram sintomas pós-infecção. Atuação dos agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias é importante para combater as fakes news divulgadas durante a pandemia e ajudar na adesão popular à vacinação e, com isso, reduzir as infecções e casos graves
São mais de dois anos de pandemia de Covid-19. Neste período, no Brasil são mais de 32,9 milhões de casos e 674 mil mortes (dados de 11 de julho de 2022). Entre os sobreviventes, uma grande proporção que apresenta sequelas associadas ao diagnóstico, incluindo dificuldade para respirar, perda de olfato, dentre outras. Esta é a covid longa, uma condição que afeta mais da metade dos pacientes acometidos pela doença. Um estudo de pesquisadores da Fiocruz Minas e divulgado pela revista Transactions of The Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene aponta que 50,2% das pessoas diagnosticadas com covid-19 apresenta sequelas que podem perdurar por mais de um ano.
Em meio a este cenário, a atuação dos agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de combate às endemias (ACE), é essencial para a disseminação de informação qualificada nas comunidades e, com isso, contribuir para combater as falsas notícias divulgadas durante a pandemia, além de ajudar na adesão popular à vacinação. Medidas importantes para reduzir as infecções por Sars-Cov-2 e casos graves da Covid-19. “Existe uma grande campanha de desinformação no Brasil e os agentes são importantes para a gente conseguir superar essas fake news” destaca o epidemiologista André Ribas Freitas, consultor científico da A CASA, espaço de conexão do ACS e ACE, uma realização do Instituto de Pesquisa e Apoio ao Desenvolvimento Social (IPADS) junto com a CONACS e CONASEMS.
Entre as sequelas mais mencionadas no estudo da Fiocruz Minas estão tosse persistente, dificuldade para respirar, perda do olfato ou paladar e dores de cabeça frequentes. Houve também casos de sequelas mais graves, como a trombose, além de transtornos neurológicos, como insônia, ansiedade e tontura. “Além dos efeitos prologados da lesão pulmonar grave, falta de ar, indisposição e efeitos neurológicos, existem os efeitos endocrinológicos. Principalmente a dificuldade de controle do diabetes depois da infecção, ou seja, muitas pessoas acabam tendo piora no controle glicêmico depois do quadro de Covid-19”, explica Ribas.
Ainda segundo o especialista, existem diversas abordagens clínicas e estímulos para minimizar os efeitos da covid-19. Por exemplo, a exposição a diversos aromas pode estimular o olfato para voltar ao normal. Para os quadros depressivos e de memória, estímulos com psicoterapia são importantes, mas é necessário compreender, segundo ele, que o tratamento depende do quadro, não existindo uma abordagem clínica única para todos os casos.
André Ribas alerta que a covid longa é uma grande preocupação atual de saúde pública, mesmo em casos de doença mais branda. Porém, ele faz a ressalva que não é simples atribuir à covid-19 determinadas complicações que o paciente venha a ter após receber o diagnóstico da doença. Segundo ele, uma série de sintomas pode aparecer em outros tipos de doença. É importante, reforça o especialista, consultar um médico.
Sobre A CASA – Construída em 2022 para abrigar os profissionais que atuam como Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agentes de Combate às Endemias (ACE), protagonistas da promoção da atenção primária à saúde no país. A CASA é uma realização do IPADS em parceria com o CONASEMS, CONACS e a Fundação Johnson & Johnson. Este espaço reúne uma série de conteúdos, em diferentes formatos, selecionado pela equipe do projeto A Casa, sobre questões relacionadas à atuação e à qualidade da formação dos agentes.
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