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APAE: O JUBILEU DE OURO DO LEGADO DO AMOR

Escola Geralda Toledo Russo completa 50 anos com novos projetos para implantar

A data comemorativa dos 50 anos da Apae de Guaxupé é em novembro de 2023, mas grandes histórias devem ser antecipadas. A instituição passou por três sedes e muitas mudanças em cinco décadas. Hoje, os principais serviços oferecidos são: Saúde, Assistência Social e Educação.


No começo de 1970, o casal de italianos Aderico e Rosalba Pardi Matioli veio para Guaxupé com o filho Hugo Wiscondi Pardi Matioli.


Aderico assumiu a gerência da Polenghi e o filho frequentou a Escola Infantil Sítio do Pica-pau Amarelo. Com dificuldades de aprendizagem e socialização, a diretora Nara Bittar Nehemy sugeriu aos pais uma Escola Especial.


Aderico e Rosalba pediram orientação aos amigos, em especial Geralda Toledo Russo, que sugeriu a Fundação Apae: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais.

Quem conhece grande parte dessa história é Meire Yvone da Costa Inácio, graduada em Química e com 45 anos de atuação na Apae. A primeira iniciativa de dona Geralda foi divulgar, nas escolas da cidade, cartazes para divulgar a nova unidade educacional. No Colégio Imaculada Conceição ficou o cartaz vencedor da divulgação, criado por Meire: “no deserto da dor / Floresce o Amor! Apae.”


Um grupo de pessoas influentes de Guaxupé foi a Ribeirão Preto obter informações sobre a APAE de lá. Tiveram a colaboração de Egídio Pedreschi, que hoje dá nome ao Centro Educacional Especial daquela cidade. Outros estiveram no Rio de Janeiro para conhecer o funcionamento da primeira Apae do Brasil.


Dessa forma, em novembro de 1973 foi inaugurada a APAE de Guaxupé, no Posto de Puericultura, próximo à Santa Casa. Denominada Escola Geralda Toledo Russo Educacional Especial, começou a funcionar no ano seguinte com três alunos. Com o fechamento da Escola Doméstica, em 1975, a Apae foi transferida para a rua Francisco Vieira do Valle, ao lado do jornal Folha do Povo.


Aumento de alunos


Meire Yvone conta que as crianças deficientes, antes escondidas, começaram a aparecer. Muitas vinham da região, Guaranésia, Juruaia, Nova Resende, São Pedro da União e outros municípios.


Muitas famílias não permitiam escolaridade dos filhos especiais, outras se dedicavam totalmente. É o caso de uma mãe de gêmeos deficientes no distrito Biguatinga. Ela vinha de ônibus. A cada dia trazia um dos filhos. Não conseguia controlar os dois. Para ganhar a passagem de ida e volta, trazia galinhas e alimentos da roça.

Em uma foto de 1975 há 22 alunos de diferentes idades. Alguns participavam dos desfiles cívicos da cidade. O novo desafio era formar uma equipe especializada. Profissionais de saúde de Guaxupé ajudavam mas não tinham a especialização exigida. A fonoaudióloga vinha de Campinas, a assistente social de Cabo Verde, neurologista e pediatra voluntários vinham de Poços de Caldas, aos sábados.


Para cobrir tantas despesas, a equipe apaeana começou, em 1975, a fazer festas para arrecadar recursos. A primeira foi a Festa do Refrigerante, no Clube Operário. Depois, substituíram os salões por barracas, em locais públicos. A primeira festa foi na praça dos bambolês. A barraca Dona Sinhá vendia doce e a Arco-Íris era de jogos. A mais ousada era a Ki-Honda, que vendia coquetéis e cigarros. Com o tempo, foi criada a Feira da Bondade, realizada anualmente em diferentes locais. Em 2023, aconteceu na Praça Paulo Carneiro.

No mandato de 1976-1978, Aderico Matioli viajou para Belo Horizonte, determinado a conseguir a isenção da cota patronal. Ficou uma semana na área de atendimento INSSS, afirmando que só sairia de lá com a documentação. De tanta insistência, retornou com a isenção da cota patronal.


Ao longo do tempo, os convênios foram aumentando em consequência da documentação em dia e persistência. Meire ressalta que nesses 50 anos, a Apae de Guaxupé só foi atendida por uma única empresa de contabilidade, a Control.

A segunda sede já não comportava mais a quantidade de alunos. Em 1979, foi lançada a pedra fundamental para construir a da atual sede, ao lado da Escola Estadual Doutor Benedito Leite Ribeiro, o Ginásio. O terreno, doado pela prefeitura, teve projeto do arquiteto Mário Gonçalves.

Segundo ela, a maioria dos funcionários da Apae, que recebia pouco, fez doações de salários para ajudar na obra. A inauguração coincidiu com o aniversário de Guaxupé, em 1º de junho de 1985.


Mudanças legislativas


Com funcionamento de manhã e à tarde, a terceira e atual sede já teve mais de 300 alunos. Consequentemente, a equipe de profissionais aumentou. Segundo a diretora Jhenifer Fernandes, já se falava em inclusão em 2012, três anos antes da aprovação da Lei Brasileira de Inclusão. No Estado e no município muito se falou no fechamento das Apaes.


Como consequência, entre 2012 e 2014, o número de alunos diminuiu. Por determinação da Secretaria Estadual de Educação, o aluno não poderia mais frequentar a Apae por tempo indeterminado. Ficaria apenas no período da série escolar compatível com a sua idade.

A solução inicial para manter as Apaes que se enquadravam nos requisitos veio do movimento apaeano em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais. O SUS credenciou as Apaes que estavam aptas com documentação, estrutura e equipe. Guaxupé se enquadrou na categoria SERDI – 1 – Serviço Especializado em Reabilitação da Deficiência Intelectual.


Esse credenciamento exigiu alguns requisitos, como profissionais de assistência social, fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e pediatria. Todo esse atendimento se tornou extensivo a qualquer pessoa com deficiência intelectual e múltipla, independente de estar matriculada na Apae. E assim, Guaxupé se tornou SERDI I em 2014.


O serviço de assistência social foi o primeiro pilar estrutural da Apae. Em 2018, aconteceu uma formatura na entidade de Guaxupé para alunos que tiveram o percurso escolar finalizado. Esse público foi direcionado para um Serviço de Proteção Social Especial, por meio do programa Centro Dia (Serviço de Assistência Social). O objetivo é trabalhar a autonomia e independência de usuários entre 18 e 59 anos. Em vez de alunos, passaram a ser chamados de usuários do Serviço Social ou da Saúde. A Apae de Guaxupé foi fundada como entidade de assistência social, ainda que o primeiro serviço autorizado tenha sido o da Educação.


Hoje, a Educação na Apae mantém o percurso escolar dos alunos já matriculados e é submetida à Superintendência Regional de São Sebastião do Paraíso.

A função do Centro Dia é dar maior autonomia e independência aos usuários como: atividades de vida diária (trocar de roupa, fazer a barba, lavar louças, entre outras habilidades). O serviço é formado por 3 ambiências sendo elas: Vivências, Corpo e Movimento e Participação Social.


A diretora Jhenifer Fernandes destaca dois nomes homenageados pela instituição: uma das fundadoras, Geralda Toledo Russo, leva o nome da Escola Especial. Em 1990, o empresário Olavo Barbosa, já falecido, doou um terreno para ampliar a atual sede, o Centro Dia, relacionado à área de assistência social, que leva o nome dele.


Projetos e novo presidente


Sem todas essas conquistas ao longo dos anos, ficaria mais difícil hoje pensar em novos projetos. Na área da Saúde, foi efetivado em 1992 um convênio entre a Secretaria Estadual e a Federação Nacional de Saúde, para que a Apae recebesse recursos para oferecer serviços nessa área.


No ano seguinte, o órgão federal fez convênio diretamente com a Apae de Guaxupé. Já em 1998, outro convênio direto foi realizado com a Secretaria Estadual de Saúde.

Mudanças, não imaginadas há 50 anos se tornaram realidade. A ex-aluna Elizabeth Alves se graduou em Ciências Exatas na Fafig/Fafeg (atual Unifeg). Cabe ao Serviço de Assistência Social da Apae indicar usuários aptos para o mercado de trabalho. Um ex-aluno se tornou empreendedor e trabalha como motorista de aplicativo na cidade. No entanto, há famílias que não aceitam que o filho seja incluído no mercado de trabalho e os retiram dos serviços ofertados pela APAE.


Em busca de mais avanço e modernidade para os 208 usuários da Apae em Saúde, Assistência Social e Educação, um dos projetos para 2023 é a implantação de uma sala multidisciplinar IUP 6D. Jhenifer define “como uma verdadeira fábrica de emoções, proporcionando uma aprendizagem de maneira lúdica e muita tecnologia, com chuva artificial, simulador de ventos, difusor de essências com diversos tipos de aroma, entre outros.”


Esse projeto já foi aprovado pelo Fundo de Infância e Adolescência – FIA, vinculado aos Conselhos Municipais e Estaduais dos Direitos da Criança e do Adolescente e por eles gerido. Os conselhos deliberam, de acordo com a política de atendimento, a destinação do dinheiro arrecadado. Assim, cabe ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, da forma mais transparente e participativa possível. Uma forma bastante simples de contribuir é destinar parte do imposto de renda devido, ou seja, parte do que seria recolhido ao tesouro pode ser disponibilizado para o FIA. Assim, logo a APAE receberá este recurso.

Ao assumir a presidência, Walmor Zambrotti sucedeu a esposa Maria Gonçalves Bolonha Pereira. Agora, o casal pretende trabalhar em parceria, com lisura, clareza, transparência na prestação das atividades, para a sociedade guaxupeana e nossos colaboradores.


“Nós, apeanos, defendemos com unhas e dentes todos os interesses dessa entidade. Nesses 50 anos de história, agradecemos e enaltecemos todas as pessoas que por aqui passaram. É sobre os ombros dos quais estamos assentados".


Walmor agradece aos governos municipal, estadual e federal pelas contribuições dos convênios firmados. “Mesmo tendo verbas, essas não suprem todas as necessidades existente da entidade. Por isso, realizamos a Feira da Bondade e outras ações”.


O atual presidente conversou com vereadores locais e assessores de deputados, que se comprometeram a angariar uma verba de R$ 250 mil para 2024. Com esse recurso será feita uma cobertura na parte interna da Apae e uma edificação para captar água da chuva para ser usada na limpeza da entidade. “Temos ainda um recurso da Saúde para aumentar a nossa equipe e diminuir a fila de espera dos interessados em frequentar a entidade”, finaliza Walmor Zambrotti.



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